AMANHECIA QUANDO O MENINO ACORDOU E ESFREGOU OS OLHOS.
Ele não sabia que aquele inverno devastaria mais do que as folhas do arvoredo...
- Depressa, Miguel, ninguém vai esperar por você mais uma vez! - bradou sua avó do corredor.
Ela sempre estava apressada e, mesmo quando não estava, fingia que estava para aparentar ter o que fazer. Mas, naquele dia, Dona Joana realmente tinha o que fazer: ia buscar a neta Sofia, prima de Miguel, na rodoviária. A menina passara os últimos três meses na casa do pai, em outro estado. Dona Joana tinha a guarda dela, assim como a do neto órfão. Era uma avó saudosa que não estava disposta a esperar pelo menino atrapalhado que sempre se atrasava.
Logo que Miguel saiu do quarto, percebeu que a avó acabara de bater a porta. Se arrumou rapidamente e correu na tentativa de alcançá-la. Ele jamais a alcançaria. Quatro garotos altos e fortes bloquearam seu caminho e o levaram para um beco.
- Dessa vez você não vai escapar! - gritou o líder dos garotos, acertando-lhe o estômago. Seguiram-se socos e chutes enquanto o perplexo garoto de doze anos gritava: Não! ; Não sou eu! ; Socorro! E os outros riam e falavam: Você merece, Chulé, seu dedo-duro imundo!, sem parar de espancá-lo.
A última coisa que ouviu foram os passos apressados de seus agressores. Ele ainda não admitia, em seus derradeiros momentos de angústia e dor, que estava em uma situação fatal e que aqueles eram, na verdade, seus assassinos.
Na primeira noite de inverno daquele ano, havia o corpo de um adolescente inocente em um beco da cidade. Um bom menino, confundido com outro muito parecido, e sua saudosa e desesperada avó chorando a morte dos netos desaparecidos sob a penumbra do arvoredo em sua casa.
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~ Essa é uma redação que eu escrevi para a escola há alguns anos. Como consiste em um conto, constatei que era válido adaptá-lo e postá-lo aqui. Tirem do desfecho a conclusão que quiserem.~
Por que "dos netos"? Uái!
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